domingo, 31 de janeiro de 2010

É a voz que te liberta? É a palavra que te cura?

Uma noite acordado, tentando lembrar da noite anterior, como num suspiro grosseiro de cachaça. Tento continuar respirando, pensando e sofrendo às custas dos meus pecados e medos inventados, das minhas angústias forjadas, da minha loucura de criança.

É breve o momento racional, a respiração mental que eu faço antes de morrer... É mais fácil deixar o coração bater duma vez! Entregar-se as oportunidades e é claro, não pensar jamais!

Meu peito é cura e doença, exatamente nessa ordem.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Minha Morada

Roubava sons de grama molhada sendo pisada, numa noite quente e chuvosa, de estrelas na nuca: lume despedaçado.
Comecei a misturar trechos da Bíblia Sagrada com poemas do Rimbaud - estava pronto ao sacrifício de Javé!

"Toda a gordura pertence à Javé. É uma lei perpétua para todos os descendentes de vocês, em qualquer lugar onde estiverem morando: não comam gordura nem sangue." ( Levitício 3,17)

Escureci a sala como sinal de gratidão. Ofereci a um deus pagão toda a minha fortuna, nem ao menos deixei algo para o jantar. Olhei a minha volta e percebi um estrondo em minha testa, escorria sangue e muito ouro.

Ora! Não posso ao menos escutar meus verbos prediletos? As cores da palavra, perdidas em nuvens de sabores infelizes, tenho medo até de lembrar.
Preciso voltar a minha morada celestial, ou não assumirei minha Soberba.
Preciso deixar o sangue parado em minhas veias, roubar as picadas de mosquito que sugam minhas idéias mais bizarras.
Preciso matar a sede do Poeta! Roubar-lhe um beijo assassino! Transar com seu corpo inerte...

Minha roupa rasgada, meu cabelo a esmo, minha vida é maldita, meu sono é a Salvação.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Acordei nessa manhã de sábado com a boca seca e uma vontade de comer um pão na chapa da padaria aqui perto. As stripers de ontem me fizeram pensar em muita coisa.
Por vinte reais se consegue três cervejas (ou um whisky), num lugar de música ruim e putas mechendo no celular, sentadas em sofás rasgados - acho que eram vermelhos.
Fiquei pensando no jeito que as coisas costumam acontecer, na minha falta de vergonha e no excesso de pensamentos que rodeavam minha mente naquele momento. 
O jeito era voltar meu olhar pro palco e agarrar a primeira que olhasse para tras...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Não entendo porque o contato é tão importante. O pouco que tenho guardado em minha memória assombra  cada minuto do meu dia, me impede de respirar ou de ler um livro deitado na rede.


Às vezes tenho vontade de estrangular cada parte do meu corpo, espremer o sangue que vai do meu peito para meu cérebro, explodir minhas artérias como uma bomba. Fico deitado, remoendo essas lembranças na minha cabeça, sinto que vou enlouquecer a qualquer momento.


Seria tão mais fácil sem a necessidade absurda do contato. Seria bem melhor poder viver sozinho, sem vontades ou lembranças, sem afeto principalmente.


Tenho vontade de queimar meu diário e torcer para que a chama transforme em cinzas minhas aflições e eu possa viver em paz de uma vez por todas!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Amanhã eu durmo

Peguei o costume de ir dormir tarde, de comer bolacha com manteiga de madrugada e ver pornochanchada no Canal Brasil.

Nessa transição "escola/universidade", minha vida parece mais uma noite entorpecida do que outra coisa... Eu sinto muito calor agora. É estranho ter um monte de livros na estante e saber como cada um acaba, roubar a memória de histórias que não se concretizam nunca.
A fase de muda é muito complicada para se falar.
Eu tenho cada vez mais uma mancha roxa embaixo dos olhos e uma barba que escurece demais meu maxilar.

Fico pensando nos dias-anos passados, na minha adolecência embriagada, nos mitos que absorvi... Tenho pensado muito no fim disso tudo: Agora que é pra crescer?

Poeta-Vidente

"Sem Contrários não há evolução. Atração e Repulsão, Razão e Energia, Amor e Ódio são necessários à existência humana.
Destes contrários nasce aquilo que o religioso denomina Bem & Mal. O Bem é o passivo que obedece à Razão. O Mal é o ativo que surge da Energia.

Bem é Céu. Mal é Inferno."

Trecho de "O Argumento", em "O Casamento do Céu e do Inferno" de William Blake

Ao começar a leitura do livro de Blake, me impressionei com sua reflexão. Acredito que o Caos, e o Desequilíbrio sustentam toda a forma de vida existente no nosso planeta. Nosso cérebro é demasiadamente limitado para conseguir imaginar algo tão fora da nossa realidade como o Equilíbrio.

Conseguem imaginar um mundo sem Ódio?
Certamente é isso que muitos pedem todos os dias... Mas como seria?

Imaginem um sociedade nova, em outro lugar que não fosse aqui, totalmente diferente de nós, onde a Ordem e o Equilíbrio reinassem ( e peloamordeDeus não me venham pensar em Pandora ou Avatar!)

Se alguém consegue imaginar isso, por favor me avise... porque eu sinceramente não consigo.
Como seria esse novo sentimento, que não é Amor e nem Ódio?

Preferi colocar essas dúvidas aqui agora, antes de terminar o livro. Quando eu lê-lo por completo, continuo essa reflexão.

Espero chegar em algum lugar.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Para quem precisa de silêncio

A Palavra perde sua necessidade em meio a embriaguez surda do "anoitecer-sozinho". Quando o vento chega, leva tudo embora e deixa apenas uma vontade de apagar a luz, de comer alguma coisa que ainda não inventaram, de ir pra sala e ligar a TV no MUDO.
Ligamos o computador, esperando que alguém fale com a gente, mas alguém esquece de falar, fica mudo. O barulho de poucos carros que passam, de uma cigarra que não para até explodir: é o começo que estraga as maiores vontades.
É constrangedor viver sozinho, como se o seu mundo fosse uma janela isolada dos Outros. Um grito, um toque de mãos nas paredes do quarto... O barulho faz o Paraíso, a alegria é imensa quando sabemos nos envolver sozinhos.

Doí ter que jantar sem ninguém.

No começo, você vai para a sala e liga a TV num programa imbecil e repetido; mas depois isso tira a fome, dá ânsia e você toma outra decisão, vai para a cozinha e se senta sozinho, sem TV, sem nada. O barulho do relógio da cozinha te deixa louco, você tenta engolir tudo o mais rápido possível, mas sua boca fica seca e não digere nada. Aquele bolo indigesto começa a crescer dentro do seu estômago e isso piora ainda mais o seu mal-estar crônico.

Falar sozinho
É a opção que leva a sanidade...momentânea.

Ficar sozinho por dias é absurdo. Escrever sobre isso me faz querer a solidão... reclamar da solidão e precisar dela, como um copo d'água no meio da noite.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O Eu-anterior

Purificar-se...
O ritual torna-se necessário
A autofagia
O desregramento do ser
O fim do regime autoritário
Das idéias lapidadas em forma

Chega a hora da revolta
Da volta ao fim, ao princípio...

Um medo é necessário

O suor, a saliva
A boca fresca, os dentes!
Ranger uma idiocracia
Que a muque, rompe
Os músculos e os pêlos do nosso superego

Eu finalmente decidi

Por um bom tempo eu fiquei na dúvida: será que eu sei escrever?
Minha conclusão foi que, não.
Não é modéstia. Eu realmente não sei escrever (não literalmente, claro).
Erros de pontuação, de verrossimelhança, de continuidade...Enfim, eu nao sei escrever mesmo.
Além disso, minhas idéias sao na sua maioria clichês ou plágios (sem querer, eu juro).
Por isso, vou tentar, não escrever, mas mostrar o que eu escrevo.