terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Minha Morada

Roubava sons de grama molhada sendo pisada, numa noite quente e chuvosa, de estrelas na nuca: lume despedaçado.
Comecei a misturar trechos da Bíblia Sagrada com poemas do Rimbaud - estava pronto ao sacrifício de Javé!

"Toda a gordura pertence à Javé. É uma lei perpétua para todos os descendentes de vocês, em qualquer lugar onde estiverem morando: não comam gordura nem sangue." ( Levitício 3,17)

Escureci a sala como sinal de gratidão. Ofereci a um deus pagão toda a minha fortuna, nem ao menos deixei algo para o jantar. Olhei a minha volta e percebi um estrondo em minha testa, escorria sangue e muito ouro.

Ora! Não posso ao menos escutar meus verbos prediletos? As cores da palavra, perdidas em nuvens de sabores infelizes, tenho medo até de lembrar.
Preciso voltar a minha morada celestial, ou não assumirei minha Soberba.
Preciso deixar o sangue parado em minhas veias, roubar as picadas de mosquito que sugam minhas idéias mais bizarras.
Preciso matar a sede do Poeta! Roubar-lhe um beijo assassino! Transar com seu corpo inerte...

Minha roupa rasgada, meu cabelo a esmo, minha vida é maldita, meu sono é a Salvação.

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