terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Para quem precisa de silêncio

A Palavra perde sua necessidade em meio a embriaguez surda do "anoitecer-sozinho". Quando o vento chega, leva tudo embora e deixa apenas uma vontade de apagar a luz, de comer alguma coisa que ainda não inventaram, de ir pra sala e ligar a TV no MUDO.
Ligamos o computador, esperando que alguém fale com a gente, mas alguém esquece de falar, fica mudo. O barulho de poucos carros que passam, de uma cigarra que não para até explodir: é o começo que estraga as maiores vontades.
É constrangedor viver sozinho, como se o seu mundo fosse uma janela isolada dos Outros. Um grito, um toque de mãos nas paredes do quarto... O barulho faz o Paraíso, a alegria é imensa quando sabemos nos envolver sozinhos.

Doí ter que jantar sem ninguém.

No começo, você vai para a sala e liga a TV num programa imbecil e repetido; mas depois isso tira a fome, dá ânsia e você toma outra decisão, vai para a cozinha e se senta sozinho, sem TV, sem nada. O barulho do relógio da cozinha te deixa louco, você tenta engolir tudo o mais rápido possível, mas sua boca fica seca e não digere nada. Aquele bolo indigesto começa a crescer dentro do seu estômago e isso piora ainda mais o seu mal-estar crônico.

Falar sozinho
É a opção que leva a sanidade...momentânea.

Ficar sozinho por dias é absurdo. Escrever sobre isso me faz querer a solidão... reclamar da solidão e precisar dela, como um copo d'água no meio da noite.

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